EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
Quarta-feira, 19 de abril de 2017. Pistoleiros armados até os dentes, a mando de grileiros dispostos a piratear madeira e minérios, promovem um banho de sangue em Taquaruçu do Norte, vilarejo distante 350 Km de Colniza. A chacina deixou um saldo de nove mortes.
A matança em plena Floresta Amazônica repercutiu na imprensa do Brasil e do Mundo. Políticos, entidades nacionais e organismos internacionais protestaram contra a execução dos trabalhadores, pediram investigação e condenação dos responsáveis pelo macabro espetáculo de primitivismo. Até agora o clima é de absoluta impunidade e de medo para os sobreviventes.
Dois anos depois do massacre, Taquaruçu enfrentou novos ataques.
Em setembro de 2019, bandoleiros encapuzados abordaram uma família e após ameaça de morte para que deixasse o local cravejaram de tiros a motocicleta da família. Cinco dias depois, outro atentado foi registrado. Novamente um grupo encapuzado e fortemente armado abordou uma família e após ameaças ateou fogo na residência como forma de forçá-la a deixar o local.
Barril de pólvora
As famílias de pequenos agricultores que moram e trabalham na região há mais de dez anos vivem sob síndrome do pânico. A psicose do medo tem uma causa: de um lado, temem perder a vida para os pistoleiros de grileiros que avançam floresta adentro em busca de madeira e de minérios; de outro, tem medo dos encapuzados da Sema.
As imagens que ilustram essa matéria mostram o resultado de mais uma ação dos agentes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Um barraco simples foi destruído e queimado. Tudo virou cinza. Nem um velho trator usado para pequenas atividades foi poupado da fúria dos encapuzados da Sema. A máquina sequer tem serventia para extração de madeira, ainda assim foi totalmente incinerada.
Depois do massacre de 2017, surgiram promessas de que o estado faria a regularização fundiária da área e promoveria a pacificação social da região. Quase quatro depois, Taquaruçu do Norte continua sendo palco de violência, onde o medo já faz parte do cotidiano das pessoas.
O Estado precisa pacificar, jamais barbarizar. Alguém precisa impor limite nas ações truculentas da Sema. É possível conciliar a defesa do meio ambiente com o respeito à dignidade da pessoa humana. As imagens encartadas a esse texto retratam uma ação realizada na última segunda-feira (03/08). Veja que, além do barraco da família, trator e até um carrinho velho foram destruídos pelas chamas lançadas pelos encapuzados da Sema. "Isso não é terrorismo?", indaga um morador de Guariba, distrito de Colniza.
Dorca 05/08/2020
Sou moradora daqui Deixo aqui a minha indignaçao.. Quem deveria nos proyeger É q nos aterrorisa...
1 comentários