Ravenna Alves
Metrópoles
Já aconteceu de você usar o banheiro e, ao olhar para o vaso sanitário, perceber que não deixou nenhum rastro? Esse fenômeno, que tem gerado debate nas redes sociais, foi batizado como “cocô fantasma”. Mas o que isso realmente significa sobre a sua saúde?
A gastroenterologista Daniela Carvalho, que atende em Brasília, explica que “cocô fantasma” é um termo usado para descrever fezes alongadas, que afundam e desaparecem. “São fezes alongadas e finas, semelhantes a uma salsicha, com textura lisa e macia, e peso suficiente para afundar no vaso”, diz. Esse tipo de cocô costuma ser descrito como atestado de um aparelho digestivo saudável.
A nutricionista Carla de Castro, também de Brasília, explica que, quando as fezes afundam, significa que houve uma boa absorção de nutrientes e água pelo intestino. No entanto, ela alerta que o cocô fantasma não necessariamente indica uma digestão perfeita. Para cravar isso, seria necessário avaliar também a frequência de idas no banheiro – a frequência ideal é de três vezes ao dia a três vezes por semana.
As fibras são o principal fator que faz com que as fezes fiquem mais pesadas e afundem. “As fibras são fundamentais para o bom funcionamento do intestino e ajudam na formação de fezes mais densas. A recomendação para adultos é consumir entre 25 e 30 gramas de fibras por dia, conforme indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, ensina.
A gastroenterologista Daniela explica que, além das fibras, fatores como a composição da microbiota intestinal, o estresse e a ingestão de líquidos influenciam diretamente na qualidade das fezes e no tempo de trânsito intestinal.
A nutricionista Carla acrescenta a hidratação na equação. “O ideal seria consumir entre 2 e 3 litros de água para manter as fezes mais hidratadas e facilitar o trânsito intestinal”, diz.
Além disso, a ingestão de gorduras saudáveis também é importante para a evacuação. “Uma dieta com baixa gordura pode deixar as fezes mais ressecadas. Mas é preciso garantir que o paciente tenha uma boa absorção de gordura”, complementa.
A gastroenterologista Daniela esclarece que não é uma regra, mas fezes flutuantes podem indicar problemas de saúde. “Fezes que boiam podem indicar distúrbios pancreáticos e síndrome do intestino irritável, embora nem sempre sejam motivo de preocupação”, afirma.
Condições como síndrome de má absorção de nutrientes, doença celíaca e intolerância à lactose também podem gerar fezes que boiam. “Embora nem todo mundo que tenha fezes flutuantes apresente esses problemas, o sintoma deve ser relatado ao médico para uma investigação mais cuidadosa”, ressalta.
A nutricionista Carla comenta que a própria alimentação influencia no assunto. “Alimentos que fermentam, como feijão e repolho, além de refrigerantes e bebidas açucaradas, aumentam a produção de gases e deixam as fezes mais flutuantes”, afirma.
Uma digestão ruim pode causar sintomas como dor abdominal, inchaço e até refluxo.
