Isaac Borges de Lima*
Há alguns pontos em relação a água de Tangara da Serra que precisam ser analisados com cuidado. Parece que tanto o poder público como a população tem sido negligente com relação a esses fatos. Repito: parece.
O primeiro ponto é que nossa cidade não é a mesma de 10 anos atrás. O número habitacional aumentou bastante. Não sei se nosso afluente tem capacidade para suprir as necessidades de abastecimento de tanta gente.
Quando tivemos aquela situação caótica, em 2016/2017, muito se falou de buscar água de outras fontes. Até o momento, não tenho conhecimento se isso saiu do papel.
Afinal, o brasileiro tem memória curta. Uma vez resolvido o problema, as causas logo caem no esquecimento. Em relação ao desperdício de recursos hídricos, alguns acham que economizar água é deixar de tomar um banho de 30 minutos, reduzir para 5 minutos o tempo gasto no chuveiro, ou não lavar a calçada de casa. Estas são realmente atitudes que nos ajudam a economizar água, mas no momento o efeito é sentido mais no bolso do que no reservatório.
Não vejo nenhuma política pública, nem iniciativa privada em orientar as pessoas a buscarem armazenar água da chuva para uso diário. É preciso pensar em construções ecológicas onde possamos ter reservatórios para usar a água da chuva. Esta água pode ser usada de diferentes formas e, dependendo do tipo de tratamento, até para o consumo humano.
Estamos interferindo diretamente no ciclo da chuva. Qualquer criança de 5 anos do ensino fundamental sabe que a água que chega nas nossas torneiras é exatamente a água proveniente deste ciclo. Enquanto o Brasil e o mundo brigam por Amazônia, esquecemos de fazer o dever de casa. O problema não é só o desmatamento, como muitos pensam.
Dentro de uma cidade, o principal vilão chama-se: asfalto. É isso mesmo! O asfalto não permite que a água das chuvas chegue ao subsolo e abasteça o lenço freático. Se essa água não chega lá, ela não volta para os rios e consequentemente não será convertida em chuva.
Além disso, o asfalto promove o aquecimento do ambiente elevando a temperatura como um todo. Basta pensar que anos atrás Tangara tinha um clima bem mais ameno e agora estamos na casa dos 46 graus centigrados.
Ah! mas isso é culpa do aquecimento global. E é mesmo! Mas aquecimento global não é só CO2. Vai além disso. Se realmente queremos manter nossa água, então precisamos ter em mente que preservar é preciso. Muitas das fontes que abasteciam os rios já não existem mais. A cidade cada vez mais tem se consolidado como uma rocha seca e impermeável. De nada adianta economizar água agora se não for revisto tais situações.
Reflorestamento, cuidado com as nascente, construções ecológicas e claro, cidades ecológicas também. O que me preocupa é que não há interesse político de conciliar progresso com preservação. As políticas ambientais são voltadas para Amazônia. Ninguém está preocupado com a floresta e sim com a riqueza que está abaixo da mata – no subsolo.
Isaac Borges de Lima é licenciado em química, mestre em ensino de ciências e matemática, mestre em educação e especialista em ensino de ciências e matemática, bacharel em teologia e servidor público do Estado de MT.
Deyvid 12/09/2019
Mais do mesmo, artigo sem referência. Só achismo. Sobre o asfalto, ele não impermeabiliza 100%, além de não interferir nesta forma no clico da água, já que ele leva a água a outro lugar, "mais baixo", onde também ocorre a infiltração no solo. Pode "matar" uma nascente mas não acaba com a água. Afinal ela tem que ir pra algum lugar
AMAURI PAULO CERVO 12/09/2019
Parabéns pela lucidez do artigo ao abordar este tema que é de interesse de toda a sociedade! Um fraternal abraço!
2 comentários