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POLÍTICA Quinta-feira, 19 de Março de 2020, 17:07 - A | A

19 de Março de 2020, 17h:07 - A | A

POLÍTICA / Esperança de cura

Remédio usado contra a malária será testado para tratar coronavírus nos EUA

Alessandro Feitosa Jr.
UOL Notícias



Enquanto a COVID-19, doença causada pelo coronavírus, se espalha ao redor do mundo, cientistas publicam resultados preliminares de suas pesquisas a respeito de medicações que podem ajudar a tratar os pacientes. Um medicamento passou a chamar a atenção nesta quinta-feira (19), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que a FDA, agência equivalente a Anvisa, teria aprovada o seu uso para o tratamento da doença país: a hidroxicloroquina.  

A hidroxicloroquina é um medicamento antigo, utilizado para tratar a malária desde 1944 – ou seja, há 76 anos. A droga também é utilizada para ajudar pacientes com artrites reumatoides. Ela se junta agora a outros tratamentos experimentais como interferon, lopinavir/ritonavir (usados para combater infecções pelo HIV) e remdesivir.  

Em todos os casos, não se trata de uma droga definitiva, mas que estão mostrando resultados promissores. O medicamento foi citado, inclusive, pelo Dr. João Prats, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, que conversou com o Gizmodo Brasil na semana passada.    

“A gente não tem nenhum trabalho científico publicado sobre os efeitos de drogas A ou B em seres humanos a respeito do coronavírus. Uma das drogas que pode ter um efeito interessante é o Interferon, mas veja, tem cientista testando Interferon, tem gente tentando Cloroquina, tem gente tentando Lopinavir que é um remédio do HIV, tem o Remdesivir que parece bastante promissor. Não tem nada conclusivo, a recomendação atual é que não se use nenhum tratamento desses ainda, só em protocolo de pesquisa”, disse.    

Trump disse durante a coletiva de imprensa que a droga antimalária seria disponibilizada “quase que imediatamente” e que ela “foi aprovada pela FDA”. No entanto, a CNBC aponta que diversos jornais americanos noticiaram que a agência americana não tinha aprovado a hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus no país. Nesta quarta-feira (18), a Bayer anunciou uma doação do medicamento para os EUA.    

“É importante não dar falsas esperanças”, disse o Comissário da FDA, Stephen Hahn, na coletiva da imprensa da Casa Branca. “Mas Trump nos pediu para sermos agressivos e conseguirmos um tratamento animador e que salve vidas, e estamos fazendo isso na FDA”, disse Hahn.    

A Organização Mundial de Saúde, no entanto, disse no mês passado que “não há provas” de que o medicamento seja eficaz no tratamento do coronavírus.    

Os estudos científicos apontam para resultados promissores. Um artigo publicado na revista Nature aponta que o remdesivir e a hidroxicloroquina se mostraram competentes no tratamento.  

O professor Didier Raoult, especialista em doenças infecciosas e diretor do Instituto Mediterrâneo de Infecção de Marselha, realizou uma pesquisa em 26 pacientes infectados com coronavírus e também viu bons resultados.  

Ele publicou um artigo que detalha um experimento de 6 dias com pacientes que utilizaram hidroxicloroquina e hidroxicloroquina combinado com azitromicina.    

Desses 26 pacientes, 16 estavam no grupo de controle e não tomaram as drogas. Apenas 2 deles ficaram sem o coronavírus após os 6 dias. Outros 14 pacientes tomaram apenas hidroxicloroquina e 8 ficaram sem a doença (57,1%). Por fim, 6 pacientes tomaram hidroxicloroquina e azitromicina e todos foram curados.    

“Apesar do tamanho reduzido da amostra, nossa pesquisa mostra que o tratamento com hidroxicloroquina está significativamente associado à redução/desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19 e seu efeito é reforçado pela azitromicina”, escreveu Raoult.    

Outros estudos tinham apontado que a droga era efetiva no tratamento da Síndrome respiratória aguda grave (SARS), que é similar à COVID-19. A ABC News aponta que pesquisadores chineses descobriram que as proteína na superfície do coronavírus que causa a COVID-19 (Sars-Cov-2) são semelhantes às proteína encontrados na superfície do vírus da SARS.    

As pessoas são infectadas quando essas proteínas se ligam a receptores no exterior das células humanas. A cloroquina funciona interferindo nesses receptores, o que pode diminuir a capacidade do vírus se ligar às células. As pesquisas chinesas mostram que ao tratar pacientes com pneumonia associada à COVID-19 com hidroxicloroquina pode encurtar sua permanência hospitalar e melhorar o estado de saúde geral mais rapidamente.    

Há poucos efeitos colaterais para o uso da droga, mas eles incluem dores de cabeça, efeitos colaterais gastrointestinais como náuseas, diarréia e queda de cabelo. Cientistas também trabalham na criação de vacinas, mas elas devem demorar mais para chegar – é preciso passar por um processo de segurança rigoroso para garantir que os benefícios serão maiores do que os riscos. A estimativa é que uma vacina possa estar disponível entre 12 a 18 meses.  

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