EDÉSIO ADORNO
Da Editoria de Política
A Casa dos Horrores promove, na lúgubre manhã desta sexta-feira, sob os olhares omissos e complacentes da sociedade cuiabana, que perdeu a coragem de se indignar contra a injustiça, para o gáudio da turba ávida por sangue, o tétrico espetáculo de execução do vereador Abilinho Júnior.
O cadafalso não poderia ter sido montado em um local mais apropriado e carregado de simbolismo histórico, o “Largo da Forca”, mais conhecido como Campo D’Ourique”.
Naquela praça, registra a história, que muitos condenados a morte por enforcamento foram executados impiedosamente.
Foi lá também, no Campo da Forca, que o povo nativo desta terra, embalado pelos ideais do movimento conhecido como “Rusga”, protagonizou uma épica e sangrenta batalha contra os portugueses.
Campo D’Ourique ou Campo da Forca, seja lá como for, o centro geodésico da América do Sul volta a ser o cenário de mais um confronto. Desta vez, adeptos do “Homem do Paletó” querem a execução pública de Abilinho, com direito a transmissão ao vivo pela imprensa e redes sociais.
É esperado, no entanto, que o sentimento que moveu os revoltosos da “Rusga” arraste para o Campo da Forca um exército de homens e mulheres que jamais serão condescendentes com a injustiça, a ignomínia e a brutalidade de exemplares animalescos travestidos de vereadores.
No círculo restrito da imprensa, do judiciário, dos operadores do direito, nos meio político e nos corredores do poder, o confronto entre os “paus mandados” do prefeito e o vereador Abilinho já tem um nome. Trata-se da “Batalha do Paletó”.
Analistas políticos avaliam que a escaramuça política desta sexta-feira não coloca fim a “Batalha do Paletó”.
Se vencido pelos adeptos de Pinheiro, Abilinho ainda tem o judiciário como alternativa para retornar ao parlamento e continuar sua saga de dedicado fiscal dos atos do chefe do executivo. Seria uma desforra humilhante para os sequazes do prefeito.
Caso tenha seu mandato esbulhado e o judiciário faça ouvido de mercador, ainda assim Abilinho sobreviverá na memória da população. Será um cadáver insepulto, ou, se preferir, uma assombração no palanque do prefeito e de seus mercenários.
Na provável hipótese de Emanuel Pinheiro não disputar a reeleição, os justiceiros de Abilinho terão que se expor em público sem a proteção do “Paletó” e enfrentar cara a cara o eleitor que ficou órfão de um representante digno.
É verdade que Abilinho extrapolou limites, exagerou e praticou excessos em sua sede de fazer a coisa certa, de combater a corrupção e de imprimir moralidade na administração pública municipal.
Também é verdade que contrariou interesses políticos e financeiros de gente poderosa. Tudo fez por ação. Não foi omisso. Nunca foi acusado de desviar um centavo de recursos públicos e nem de praticar o menor ato de improbidade.
Sequestrar o mandato do vereador Abílio Junior não é apenas um ato de flagrante injustiça, é um acinte, um deboche e um coice de burro na cara do eleitor, da população cuiabana, que espera correção e vergonha na cara de seus representantes na Câmara de Vereadores.
Bem que os membros da Casa dos Horrores, num lampejo de lucidez, poderiam poupar Cuiabá e Mato Grosso desse deprimente espetáculo de lassidão moral com a corrupção. Fica a dica!