Da Redação
A internet revolucionou o mundo, deu voz aos insensatos e transformou a morte em mercadoria altamente lucrativa para os abutres de plantão. A vida humana perdeu valor. Nas redes sociais, a matéria prima é a morte, quanto mais trágica mais rentável.
Cadáveres arrebentados no asfalto, cravejados de bala ou retalhados por faca, geram likes, compartilhamentos e fazem sucesso das páginas sangrentas.
Jornalistas ou pseudos jornalistas, sem ética e sem escrúpulo moral, passam por cima de valores cristãos e familiares, corpos sem vida são vilipendiados impiedosamente.
A morte trágica e prematura do jovem Michel Thayran, 26 anos, na noite do último sábado, em Várzea Grande, deixou a família duplamente consternada. Um site sensacionalista não se limitou a noticiar o acontecimento fatídico, se encarregou de assassinar também a honra e a reputação do falecido. Algo inaceitável para um jornalismo minimamente ético, responsável e comprometido com o dever de informar com isenção, sem prejulgamento.
A página, em nome de suposta notícia nua e crua, fritou a imagem do falecido. Na manchete, a notícia do acidente e da morte do motociclista perdeu importância. O ‘repórter’ que assina a matéria fez questão de destacar suposta ostentação de dinheiro, cerveja e moto. Simplesmente, ridículo!
Michel Thayran era um jovem de vida normal. Trabalhava, tinha sonhos, muitos amigos e uma família que ela amava. Estava ajudando seu patrão a montar uma loja de produtos veterinários. A história da ostentação de dinheiro foi apenas uma brincadeira entre colegas de trabalho.
Michel Thayran era um jovem de vida normal. Trabalhava, tinha sonhos, muitos amigos e uma família que ele amava
Thayran tinha uma moto, seu instrumento de trabalho, uma conquista suada. Essa moto era todo o seu patrimônio. O corpo do bom filho, amigo excepcional e trabalhador exemplar está sendo velado no Centro Comunitário do bairro Bela Vista, em Cuiabá. O caixão foi pago por um ex-patrão. O pai de Michel está vindo de São Paulo, de ônibus, para a despedida final do filho amado.
Solteiro, Thayran não deixa filhos. Apenas uma legião de amigos na 13º Brigada de Infantaria Motoriza do Exército Brasileiro, onde seu serviu a Pátria, nos locais por onde trabalhou e em sua comunidade. Também não deixa rastro em delegacia de polícia. Viveu pouco, mas morreu com dignidade e com o nome limpo.
Noticiar a tragédia da morte causada por um inevitável acidente de moto é um direito da imprensa. Vilipendiar, caluniar e atentar contra a reputação de uma pessoa que sequer terá o direito de se defender é atitude não compatível com o espirito do jornalismo. O poder Judiciário, segundo a família, será acionado para restabelecer a verdade e garantir que Michael Thayran possa descansar na eternidade.