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BLOG / ESTRATÉGIA OU DESESPERO?

PT torra milhões em candidatos de 2º Turno

PT despeja mais de R$ 21 milhões em candidaturas incertas, transformando o fundo eleitoral em arma de campanhas milionárias em meio à crise.

Da Redação
Blog Edição MT



Nesta semana, o Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizou novas transferências milionárias de seu fundo eleitoral, alimentando uma polêmica que já se arrasta desde o início da campanha.

O partido destinou, na terça-feira (8), R$ 3,2 milhões para Natália Bonavides, candidata à Prefeitura de Natal, somando-se aos R$ 6,7 milhões já recebidos no 1º turno.

No dia seguinte, foi a vez de Maria do Rosário, candidata à Prefeitura de Porto Alegre, que recebeu mais R$ 3,4 milhões, totalizando R$ 10,7 milhões desde o início da corrida eleitoral.

Além dessas candidatas, Lula tem atuado diretamente em apoio ao seu principal aliado, Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo. O PT já repassou R$ 15 milhões para sua campanha no 2º turno, após ter investido R$ 30 milhões no 1º turno.

A massiva injeção de recursos, somada aos vídeos de apoio gravados pelo próprio Lula para os três candidatos, revela uma aposta agressiva e arriscada do partido na reta final das eleições municipais.

Entretanto, essa movimentação levanta críticas.

O volume de dinheiro público utilizado para sustentar campanhas, especialmente em um cenário de austeridade fiscal e carências sociais em diversas áreas do país, causa desconforto entre parte da população e analistas políticos.

Muitos questionam se essa estratégia é legítima ou se se trata de uma forma de desperdício do fundo eleitoral, especialmente em candidaturas que, como mostram as pesquisas, enfrentam uma dura realidade no 2º turno.

Um exemplo claro dessa dificuldade é a corrida eleitoral em São Paulo.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, Ricardo Nunes (MDB) venceria Guilherme Boulos com 55% dos votos se a eleição fosse hoje. A expressiva vantagem de Nunes indica que os milhões despejados na campanha de Boulos podem não ser suficientes para reverter o cenário desfavorável.

Por outro lado, a atuação de Lula e o direcionamento desses recursos são vistos por seus defensores como uma tentativa legítima de garantir a presença do campo progressista em cidades estratégicas.

O ex-presidente tem buscado reforçar a importância de eleger candidatos alinhados às pautas do partido, além de criticar iniciativas de governos anteriores.

Durante visita ao Ceará, Lula criticou o programa habitacional Casa Verde e Amarela, lançado durante o governo de Jair Bolsonaro, comparando-o de forma desfavorável com o Minha Casa, Minha Vida, criado em seu governo. Ele também elogiou o trabalho do ministro da Educação na região, destacando os avanços na área de ensino técnico.

No entanto, ao focar em campanhas milionárias, o PT corre o risco de desgastar sua imagem junto ao eleitorado.

O questionamento sobre o uso excessivo de recursos públicos em um momento de crise econômica pode ser explorado por adversários, especialmente por aqueles que propõem uma gestão mais racional e austera dos fundos eleitorais.

O embate entre a necessidade de financiar campanhas competitivas e a percepção pública sobre o uso do dinheiro público coloca o PT e Lula em uma posição delicada.

Em vez de fortalecer candidaturas com apelo popular, os repasses milionários podem acabar reforçando a imagem de um partido que, apesar de seus discursos de mudança, ainda se apoia fortemente em velhas práticas da política tradicional, com o risco de afastar eleitores que esperam renovação e responsabilidade no uso de recursos públicos.

Assim, o que está em jogo não é apenas a eleição de candidatos, mas também a percepção sobre como os recursos do fundo eleitoral estão sendo utilizados e qual o real impacto de campanhas sustentadas por milhões em tempos de profunda desigualdade social e econômica no Brasil.

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