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POLÍTICA Segunda-feira, 29 de Abril de 2024, 02:09 - A | A

29 de Abril de 2024, 02h:09 - A | A

POLÍTICA / PESQUISA PERCENT

Pesquisa eleitoral em Feliz Natal suspeita de manipulação deve ser questionada na justiça

Análise crítica revela falhas na pesquisa do Instituto Percent Brasil, levantando dúvidas sobre sua credibilidade e transparência

Da Redação
A Bronca Popular



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Na última quinta-feira (25), o site FTN Brasil divulgou o resultado de uma pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto Percent Brasil em Feliz Natal. O FTN e a Percent Brasil têm o empresário Ronye Steffan como sócio e diretor.

Na manchete da capa do site, destaca-se: "Toni Dubiella, pré-candidato à reeleição, lidera com folga intenções de voto; Tota é o mais rejeitado". Entretanto, a matéria não apresenta um gráfico específico nem faz referência ao percentual de rejeição de cada pré-candidato à prefeitura de Feliz Natal.

Esse resultado foi omitido, embora a rejeição tenha sido objeto da pergunta número 20 do questionário registrado na Justiça Eleitoral.

A pergunta que fica: sem apresentar números, como o site ligado ao instituto pode afirmar que Tota é o mais rejeitado? Nem uma enquete de WhatsApp cometeria erro tão grosseiro.

Avaliação da gestão: resultado maquiado

No item avaliação da gestão municipal e estadual, foram colocadas três perguntas no questionário, com o nome do governador Mauro Mendes abaixo de todas elas.

O resultado divulgado aponta que a gestão Dubiella teria a aprovação de 81,5% e a reprovação de 17%.

A Percent omitiu o percentual atribuído à opção "regular" da pergunta número 30 do questionário registrado no TSE.

Nesse aspecto, a pesquisa Percent Brasil falha em relação à falta de clareza e concisão, o que pode levar à confusão por parte do entrevistado.

A pesquisa, portanto, é imprestável para saber com razoável segurança se os entrevistados aprovam ou desaprovam a gestão municipal. Faltou clareza e sobrou ambiguidade e imprecisão.

A ausência de resposta à opção "regular" compromete a amostragem.

Disparidade: espontâneo e estimulado

A pesquisa aponta que na modalidade espontânea, o prefeito Dubiella teria 25,3% se a eleição fosse hoje, contra 6,8% de Tota e 2% de Felipe Fagnello, com 66% de indecisos.

Já na modalidade estimulada, o atual gestor teria 50,3% contra 13,8% de Tota e 9,3% de Fagnello, com o percentual de indecisos caindo para 24,8%.

Uma disparidade de 25% entre as respostas estimuladas e espontâneas não é comum, sendo a causa mais provável o erro de amostragem. Isso pode ocorrer quando a amostra da pesquisa não representa adequadamente a população-alvo, levando a resultados divergentes entre as respostas estimuladas e espontâneas.

Manapulação e favorecimento

Na pergunta número 19, a Percent apresenta os nomes de Felipe Faganello, Toni Dubiella e Tota como possíveis candidatos a prefeito.

Estranhamente, na pergunta número 20, o instituto pergunta ao entrevistado em qual nome ele não votaria de nenhum, apresentando um cartão com nove nomes (Anacleto, Diego, Felipe Faganello, Manoel Sales, Marcelo Ceolim, Raimundo Carteiro, Pavei, Toni Dubiella e Tota).

O motivo para perscrutar a rejeição ao nome de quem não é pré-candidato faz parte de uma estratégia malandra: diluir a rejeição entre vários nomes é positivo para o pré-candidato a quem se pretende favorecer.

Custo maquiado da pesquisa

Consta no registro da pesquisa no TSE que a coleta de dados foi realizada entre os dias 12 e 16 de abril de 2024. Em tese, foram realizadas 100 entrevistas por dia, o que demandaria uma equipe de no mínimo cinco entrevistadores, com uma cota diária de 20 questionários para cada um.

Nesse trabalho de campo, apenas com o pagamento dos entrevistadores, o custo seria de algo em torno de R$ 4 mil, considerando o valor de R$ 10 por questionário.

A Percent informou à Justiça Eleitoral que são checados, no mínimo, 30% dos questionários de cada pesquisador, seja in loco por supervisores de campo ou, posteriormente, por telefone.

Esse trabalho de checagem teria um custo adicional de algo em torno de R$ 1.200.

Acrescendo o transporte dessa equipe composta por mais de cinco pessoas, honorários do estatístico, hospedagem e alimentação, salta evidente que o valor de R$ 12 mil da pesquisa declarado ao TSE e pago pelo próprio instituto Percent é uma declaração fantasiosa.

A reportagem apurou que um jurista de Cuiabá teria sido consultado por uma liderança política de Feliz Natal para questionar na justiça o resultado da pesquisa Percent. 

Leia o questionário da Percent protocolado no TSE:

 

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