EDÉSIO ADORNO
Da Editoria de Política
Carlos Gomes Bezerra, o rei do fisiologismo, de apadrinhamentos políticos e dono de inquestionável expertise em negociatas palacianas, acaba de experimentar o pior revés de seu longo contubérnio com governantes de plantão. Seria o fim da magestade das terras públicas federais em Mato Grosso e soberano dos assentamentos de reforma agrária do Incra?
Em uma Live, na noite da última quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro fez com o deputado Carlos Bezerra o que o povo já deveria ter feito em outubro do ano passado: mostrou ao jurássico cacique do MDB que a velha política é coisa do passado e que gente como ele é dispensável em um governo de mudança de paradigmas e de moralização.
Bolsonaro não mandou recado!
Bolsonaro demitiu dona Tetê Bezerra da presidência da Embratur, cancelou um jantar que seria produzido pela alta gastronomia paulistana para encher o bucho de uma celebridade da MPB, Alceu Valença, aquele artista que foi contra o impeachment de Dilma e declarou que “o oportunismo não engolirá a República”.
Em comunicado à imprensa, Tetê se esforçou para explicar que o dito jantar, ao som do petista Valença e sob a luz fosca de ricas luminárias, que seria servido por garçons talhados para abastecer o prato da fina burguesia, na verdade seria um mero salamaleque aos participantes do World Travel MarketLatin-América – WTM Latin-América, a maior feira internacional de turismo do Brasil e que se inicia na próxima terça-feira (02) e vai até quinta-feira (04), em São Paulo.
A um custo de irrisórios R$ 290 mil, a esposa do glutão Bezerra pretendia garantir um boca livre aos representantes do trade internacional de turismo. Forrar o estomago de um visitante e brindá-lo com uma taça de vinho de alta qualidade é sempre um gesto de mesura e de boa receptividade.
O contribuinte, no entanto, não pode ser sacrificado para custear essas gentilezas. O trade nacional de turismo, a saber, hotéis, resorts, bares, restaurantes, motéis, agências de viagens, companhias aéreas, empresas de transporte, dentre outras atividades comerciais que lucram com a indústria do turismo, no Brasil e no mundo, poderiam oferecer um belo convescote aos participantes da WTM Latin-América.
Tetê seguiu a lógica do colonialismo e fez o que consta no receituário da velha política. Tentar seduzir os representantes do Trade Internacional do Turismo pela boca parece não ter sido a melhor estratégia. Os portugueses distribuíram espelhos, quinquilharias e enlatados aos índios para seduzi-los. As mulheres foram estupradas e os homens uteis ao trabalho foram escravizados.
Com a grandiloquência de Tariq Aziz, o ministro de informação do Iraque, da era Saddam Hussein, Bezerra disparou a primeira flechada verbal:
“O que aconteceu foi um absurdo, há mais de 30 dias ela apresentou uma carta de demissão ao ministro do Turismo [Marcelo Álvaro Antônio], ele não aceitou. Mandou ela ficar no cargo. Mas aí eles foram fazer umas mudanças em algumas coordenações da Embratur, para pior, um pessoal despreparado e desonesto”
Ato contínuo, o cacique engata mais uma fecha no arco, estica a corda, mira em Bolsonaro e dispara:
“Despreparado e paranoico, ele não entende nada de turismo, esse patrocínio é para uma feira internacional, que resolveram fazer na América Latina e escolheram o Brasil, é uma empresa inglesa que faz isso e o Brasil, como os outros países, paga para participar da feira”.
Sem atingir o alvo com suas flechadas, Bezerra saca do embornal um bodoque e lança uma pedra na vidraça do Planalto, certo de que os estilhaços possam ferir o presidente:
“É um governo que não tem política para nada, o turismo está um desastre, com um ministro ‘bichado’ e caindo, envolvido com corrupção eleitoral e ele [presidente] despreparo”.
A turma que lamentou a queda de Teté Bezerra do comando da Embratur e viu Bolsonaro fritar Carlos Bezerra na gordura quente pode aumentar o estoque de lágrimas. O desmonte ao aparelhado do estado está apenas no começo. Os caudatários da velha política podem colocar a barba de molho. Bolsonaro vai seguir desmontando essa estrutura velha, viciada e corrupta. Outros congressistas que relutam em aceitar as mudanças em curso não terão melhor destino que o de Bezerra. O ostracismo ou a cadeia pode ser o destino final.