EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
Quando registrou sua candidatura a deputado federal, Nelson Barbudo declarou à justiça eleitoral que seu patrimônio se resumia a uma carreta reboque avaliada em R$ 2.500,00. Eleito com a estrondosa votação de 126 mil votos, Barbudo foi flagrado em fevereiro de 2019 desembarcando de um Fiat Uno no acesso privativo para os deputados na Câmara Federal, em Brasília.
Ao site Hiper Noticiais, o parlamentar justificou o uso do que ela chama de seu Fiel Escudeiro. “Acho caro o valor de cerca de R$ 8 mil mensais para alugar um carro na Capital Federal. Por isso eu trouxe o meu velho 'Fiel Escudeiro', que é simples mas aguentou rodar Mato Grosso na minha campanha quase toda", afirmou
Só tem um problema: o tal “Fiel Escudeiro” não consta na declaração de bens que o deputado Nelson Barbudo apresentou a justiça eleitoral. Na página Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais que o TSE mantém na internet aparece como único bem do deputado Barbudo, repita-se, apenas uma carreta reboque.
Ainda de acordo com informações extraídas do site do TSE, Barbudo tem o ensino médio completo e sua atividade profissional seria a de produtor rural agropecuarista, embora não tenha declarado ser proprietário de algum bem imovel. Também não declarou à justiça eleitoral ser proprietário de ao menos um semovente. Nem mesmo de um carneiro, um porco, um frango ou de uma vaquinha leiteira.
Mas quem diz que o dono de uma carreta reboque avaliada em R$ 2.500 reais não pode virar o jogo, arrendar um latifúndio de 3.000 hectares e investir na produção de proteína animal para ajudar a soerguer a economia do país?
Foi exatamente isso o que teria feito o deputado federal Nelson Barbudo. Com expertise no setor agropecuário, filiado a Frente Parlamentar da Agricultura e defensor intransigente das bandeiras políticas do agronegócio, não ficaria bem para o congressista aliado de Bolsonaro interagir com os donos do PIB do campo sendo apenas um chacareiro de Alto Taquari, onde até 2008 tinha uma propriedade rural de 242 hectares.
Para espancar o estigma de pequeno produtor rural, Barbudo teria arrendado um latifúndio de 3.000 hectares na região de Rosário Oeste. Na vasta pastagem, o deputado pretende se dedicar a recria e engorda de gado de corte. A pecuária é, de fato, um negócio promissor e de boa rentabilidade. Ainda bem que Barbudo não vai investir na cultura de melancia e muito menos na produção de laranjas.