Ángela Reyes Haczek
CNN Brasil
O ano que se inicia nesta segunda-feira, 1º de janeiro, é comumente considerado o ano de 2024 depois de Cristo, de acordo com o calendário ocidental amplamente adotado. No entanto, ao nos aprofundarmos na história, descobrimos que essa contagem não reflete precisamente os anos desde o nascimento de Jesus, como sugerem historiadores.
As gerações iniciais de cristãos não adotavam uma abordagem uniforme para contar os anos durante o período em que viviam no Império Romano. Diferentes critérios eram utilizados, como a data da fundação de Roma (expressa em latim como "ab urbe condita" ou "desde a fundação da cidade"). Além disso, alguns sistemas associavam os anos aos governantes no poder ou às edições das Olimpíadas.
Lorena Pérez Yarza, professora de História das Religiões pela Universidade Carlos III, explicou à CNN Español que, após vários séculos como cristãos, eles perceberam que a data do nascimento de Jesus poderia ser uma referência significativa. Contudo, não sabiam precisamente quando ele nasceu. A busca por referências em textos religiosos e históricos, como censos e cronologias de governadores, começou.
Dionísio, o Exíguo, um monge sírio em Roma e matemático, fez cálculos por volta do ano 532 d.C. e concluiu que Jesus teria nascido no ano 754 "ab urbe condita". Ele propôs que esse ano fosse denominado "1 anno Domini" (o ano 1 do senhor). Essa classificação se difundiu ao longo do tempo, embora não de forma simultânea em todos os territórios.
Séculos depois, estudiosos observaram "imprecisões históricas" nos cálculos, indicando que Jesus provavelmente não nasceu entre os anos 1 a.C. e 1 d.C., mas possivelmente três anos antes do início da chamada era de Cristo. Yarza explica que uma das chaves para esses cálculos foi o governo de Herodes, que ordenou a matança de crianças em Belém, conforme relatado no Evangelho de Mateus.
Quando o erro foi identificado, a contagem já estava consolidada e difundida, levando à decisão de não fazer modificações. Além disso, é interessante notar que a contagem dos anos não inclui o ano zero, indo do ano 1 a.C. ao ano 1 d.C. Isso pode criar desafios matemáticos, como aponta a Universidade de Valência.
Portanto, ao brindar ao ano de 2024, lembre-se de que, matematicamente, não está celebrando exatamente 2024 anos após o nascimento de Cristo, mas sim participando de uma tradição que se desenvolveu ao longo dos séculos, repleta de complexidades históricas e matemáticas. (Conteúdo da CNN Brasil adaptado para o formato deste site)
