EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
O deputado federal Nelson Barbudo (PSL) foge de temas polêmicos como o diabo foge da cruz. Eleito na garupa de Jair Bolsonaro, sob o signo de combate a corrupção, o congressista parece ter sido picado pela mosca azul. O discurso apimentado foi substituído por uma retórica tipo papo de ganso. Não à-toa, Barbudo já é considerado no meio político uma mistura de bagre ensaboado com camaleão.
Quem votou em Barbudo acreditava que seu mandato seria um instrumento sincronizado com os anseios de justiça da população. Até o momento, o homem do assobio ainda não discursou, assobiou ou cochichou em defesa da Lava Jato, também não se manifestou favorável a abertura da CPI da Lava Toga para investigar a cúpula do judiciário. É impressionante o silêncio do parlamentar sobre prisão em segunda instância, se favorável, contrário ou indeciso.
É de obviedade ululante, como diria Nelson Rodrigues, que o deputado Nelson Barbudo jamais vai defender investigação da cúpula do judiciário e muito menos disparar críticas aos togados do Supremo Tribunal Federal (STF).
A razão para tanta condescendência é bem simples.
Seu chefe de gabinete, Rafael Dal Bo, que foi assessor de Silval Barbosa, teria fortes ligações de amizade com o ministro Gilmar Mendes, do STF, a ponto de participarem juntos de convescote regado a uísque de preço inacessível aos simples mortais.
Ademais, Dal Bo tem a expectativa de vencer uma demanda de natureza agrária no TRF-1.
Focado no próprio umbigo, o assessor de Barbudo teria se transmutado numa espécie de pombo-correio entre congressistas e gabinetes de togados do STF. Uma de suas tarefas seria fazer lobby junto a senadores contra a criação da CPI da Lava Toga.
Dal Bo também recomenda que não se deve criticar ministros da Suprema Corte. Barbudo segue a risca as orientações de seu “fiel escudeiro”.