Da Redação
Blog Edição MT
O Partido Liberal (PL), outrora defensor da ordem, hoje flerta com a tática da obstrução parlamentar — expediente historicamente associado à esquerda que tanto criticou. Ao tentar travar a Câmara para forçar a votação em regime de urgência da PEC da anistia aos presos do 8 de janeiro, o PL incorre no mesmo erro que condenava: usar o Parlamento como palco de pressão por interesses político-ideológicos, em detrimento das pautas urgentes da população.
O recuo anunciado pelo líder da legenda, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), não apaga a contradição. Ainda que a bancada tenha suspendido a obstrução, a motivação não foi um gesto de responsabilidade institucional, mas uma estratégia para coletar assinaturas e manter viva a tentativa de empurrar a anistia goela abaixo do Congresso.
A pauta, por mais polêmica que seja, não pode se sobrepor às demandas reais e imediatas do país — como o combate à fome, à violência, à crise fiscal e à estagnação econômica. O uso do 8 de janeiro como bandeira política, enquanto milhões de brasileiros aguardam respostas concretas do Legislativo, transforma a tentativa de anistia em um teatro fora de hora, que deslegitima o debate e apequena a Casa.
Se o PL quer se diferenciar, que assuma a responsabilidade de ser oposição com maturidade, não com os vícios da velha política que um dia jurou combater.