EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
Conquistar um gabinete e seus penduricalhos na Câmara dos Deputados não é o maior desafio para um político. Permanecer lá é o problema. A casa é infestada de representantes das faunas terrestre, alada e aquática. Sob a guarida da concha convexa, bagres escorregadios, raposas astutas, morcegos famintos e ratos vorazes não hesitam em praticar canibalismo ou autofagia.
No Brasil funciona o sistema bicameral. Na câmara alta, atuam os senadores, que representam os estados e o distrito federal; na câmara baixa, ficam os deputados federais, que formalmente representam o povo.
Os 513 membros da Câmara dos Deputados se dividem entre as bancadas do alto e do baixo clero. Lá, a expressão contida na constituição de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, não tem a menor eficácia. Quem não é líder é liderado e ponto final. As lideranças de partido dão as cartas e orientam seus liderados a votar assim ou assado.
Deputados em início de carreira, amadores, sem assessoria qualificada e sem preparo intelectual, via de regra, saltam do baixo clero para o crematório político. Para escapar da degola nas urnas, o parlamentar precisa dar assistência a sua base eleitoral, viabilizar emendas no orçamento, liberar recursos para prefeituras e atender as demandas da paroquia. É isso ou ostracismo.
Parlamentares de atuação profissionalizada, que conhecem os meandros do poder, tem expertise na ocupação de cargos estratégicos na estrutura do governo, sabem como arrancar dinheiro de ministérios e de órgãos da administração federal para financiar obras e serviços nos municípios que representam, geralmente tem vida longeva na vida pública. O povo vota em quem faz.
O discurso oco das redes sociais ajuda eleger. A reeleição é outra história. Quem se distância da base, não cumpre o combinado com o eleitor e se entrega ao negocismo e a esbornia do poder, não é apenas uma melancia. É um traidor da pátria. O crematório é tudo que merece.
Antonio Carlos Cortes 20/08/2019
Excelente comentário.
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