EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
A história registra que durante a guerra fria entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética os governantes de ambos os países não perdiam a oportunidade de exibir para o mundo seu poderio bélico e militar. Um dos mais brutais ditadores russos, Leonid Brejnev, promovia monumentais desfiles militares com simulacros de tanque de guerra. O decrepito comunista não era especialista apenas na arte insana da repressão. Também sabia blefar.
No Estado Novo, do caudilho Getúlio Vargas, os festejos da Independência do Brasil eram usados como peça de propaganda política do governo. Os eventos da Semana da Pátria transbordavam do civismo para um nacionalismo exagerado.
A participação da comunidade escolar era obrigatória. Fazia parte das atividades escolares.
Os governos militares também comemoravam o 7 de setembro em grande estilo. Exibição de tanques de guerra e de equipamentos bélicos faziam parte do jogo para impressionar as multidões.
Estudantes e militares das três armas executavam coreografias ensaiadas.
Com a redemocratização do país, a participação nos eventos comemorativos a Independência do Brasil deixou de ser obrigatória. Nem por isso o povo deixou de ser patriótico.
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Em Tangará da Serra, o prefeito Fábio Junqueira mobilizou dezenas de servidores para fazer da comemoração a Independência do Brasil um ato político de engrandecimento de seu governo. Um ato despiciendo, patético e oneroso. Valores expressivos foram torrados em combustível e no pagamento de horas extras aos servidores convocados para atuar na figuração do evento.
Quem enfrentou o sol de rachar mamona e foi a avenida Brasil para assistir ao desfile cívico, teve que suportar a exibição de carros, viaturas do Samu, tratores, ônibus escolares, caminhões da Sinfra e até de veículos do Samae – a autarquia que não consegue regularizar o abastecimento de água a população.