Atendimento médico prestado a empresário morto a bala em Tangará da Serra foi o correto?

EDÉSIO ADORNO

 

Do site Tua Saúde, pinço essa síntese:

“choque hipovolêmico é uma situação grave que acontece quando se perde grande quantidade de líquidos e sangue, o que faz com que o coração deixe de ser capaz de bombear o sangue necessário para todo o corpo e, consequentemente oxigênio, levando a problemas graves em vários órgãos do corpo e colocando a vida em risco”.  

Na noite da última terça-feira (24/09), o tangaraense Alívio Massaroli, 67 anos, foi alvejado por um ladrão. Segundo noticiou a imprensa local, um projétil de arma de fogo (PAF) teria atingido o peito do empresário.  

Jornalistas, populares e policiais ouvidos pelo site foram unanimes em afirmar que o Samu atendeu a ocorrência com a presteza de sempre. Médicos e paramédicos teriam tentado reanimar a vítima por mais de um hora por meio de massagem cardíaca. Infelizmente, não tiveram êxito. Os esforços foram em vão. O empresário não resistiu.  

O site apurou que o Samu atende ocorrências de naturezas diversas. Acidentados no trânsito, vítimas de esfaqueamento ou atingidas por projetil de arma de fogo. O procedimento padrão é estabilizar a vítima, conduzi-la a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, se for o caso, regular o paciente e encaminhá-lo para a unidade de saúde definida pela Central de Regulação. Isso ocorre por uma razão simples.  

A prefeitura de Tangará da Serra não dispõe de um Centro Cirúrgico equipado e nem profissionais disponíveis para atendimentos de urgência. Por força de um contrato, um hospital particular atende casos de ortopedia e presta atendimento a parturientes. Nada além disso.  

No caso do empresário Massaroli, aqui citado apenas por ser o mais recente, o procedimento adotado, embora louvável, foi inócuo. O recomendado seria conduzi-lo imediatamente para um centro cirúrgico. Tentar reanimar sem conter o sangramento interno é medida inútil. O PAF atingiu órgãos internos e, claro, causou hemorragia interna.    

Essa situação desagua no que os médicos chamam de choque circulatório, que “é uma emergência médica caracterizada pela incapacidade do coração e vasos sanguíneos de irrigar todos os tecidos do corpo com oxigênio e fontes de energia suficientes”. Perda de sangue causa redução da pressão do sangre dentro dos vasos sanguíneos. Ou, se preferir, queda da pressão arterial.    

Os profissionais do Samu fazem o que podem para salvar vidas. Essa é sua nobre missão. Receio, no entanto, que enquanto a prefeitura não construir e equipar um Centro Cirúrgico para prestar atendimento de urgência a vítimas de violência, especialmente atingidos por instrumento perfuro cortante ou arma de fogo, vida serão perdidas sem a chance de atendimento médico qualificado.    

Submeter um ‘baleado ou esfaqueado’ a burocracia da Central da Regulação a espera de vaga em um hospital pode configurar sentença de morte. Reanimar um indivíduo cravejado por bala sem se preocupar na contenção de eventual hemorragia interna é pura encenação.