Da Redação
Retratos da Comunidade
Era uma vez, nas entranhas do noroeste mato-grossense, um mergulho na tapeçaria da história de Aripuanã. A jornada, como um rio impetuoso, exigia mais que a alma curiosa: a hidratação do corpo, uma proteção contra o clima equatorial que pairava, quente e úmido.
O conselho ecoava: saciar a sede, refrescar o calor com Água de Pedra, a essência ancestral que em Apiacá cantava o nome da cidade.
E assim, em 1943, sob o olhar do interventor Júlio Strübing Muller, designado pelo aceno de Getúlio Vargas, nasceu Aripuanã.
Mas os capítulos da história começaram com uma folha em branco.
Aripuanã nasceu nas palavras, mas carecia de solo para fincar raízes administrativas.
Os aventureiros logo desvendaram que sua origem estava no papel, seu início marcado pelas letras e não pelas pedras.
O primeiro prefeito, Salustiano Alves Correa, lançou-se na busca de um solo sagrado, mas o destino, travesso como as águas que moldavam a cidade, o encontrou no encontro das águas e pedras da Cachoeira Paricá.
Angustura, esse era o nome que envolvia o vilarejo nas primeiras páginas, mas o destino, enigmático autor, decidiu um novo rumo.
As linhas foram rasuradas, e Aripuanã, qual criança inquieta, foi levada, como um enigma em busca de resposta, para as terras de Panelas.
A lenda se misturava à história, enquanto ela, desafiante, traçava seu curso.
1966 viu o cordão umbilical romper-se com o Amazonas.
Aripuanã olhou para Cuiabá, seu novo centro, e Pedro Pedrossian entregou a chave ao piloto de táxi aéreo, Amauri Furquim.
O rumo foi traçado, as margens do Rio Aripuanã se tornaram o epicentro, onde as cachoeiras Dardanellos e Andorinhas dançavam sua canção paradisíaca.
Mas a tinta não seca, e a história continua.
As páginas se viram, e as linhas narram a persistência.
Aripuanã, agora plantada, ainda encontrava abrigo administrativo nas correntes de Cuiabá, um vínculo que só em dezembro de 1978 se desfez, dando-lhe autonomia.
Criada por mãos calejadas, pela determinação de rostos marcados pelo sol e pelos braços heróicos de seringueiros, Aripuanã se erguia, uma visão na paisagem do Brasil.
Sua terra tecia um mosaico, florestas tropicais, rios sinuosos, e em sua tela, fauna e flora traçavam uma canção sem fim.
Minerais subterrâneos, como segredos bem guardados, trouxeram riquezas à cidade. Zinco, chumbo e cobre, pedras preciosas sussurrando histórias nas profundezas da terra.
E o solo, generoso e fértil, ofereceu seus frutos. Agricultura e clima unidos como um abraço, prometendo colheitas douradas e campos verdejantes.
Na diversidade da natureza, Aripuanã viu seu presente e seu futuro. Ecoturismo se entrelaçava com sua trilha sonora natural: florestas sussurrantes e rios cantarolantes, um convite ao encantamento.
As colinas e vales eram a passarela da aventura. A topografia e os recursos naturais se tornaram aliados do trekking, rafting e da arte de navegar pelas águas.
Aripuanã, em sua essência, possuía um baú de tesouros culturais e históricos. Eles brilhavam como joias lapidadas, convidando os visitantes a explorar cada faceta da cidade.
E, ao final, os rios chamavam os pescadores de sonhos, aqueles que buscavam nos redemoinhos das águas as histórias e os troféus escondidos.
Assim, Aripuanã, sob o sol e os ventos, sob a chuva e o arco-íris, se erguia como uma promessa eterna.
Terra de homens e mulheres que escrevem sua saga, não com canetas, mas com o batimento dos corações e o sussurro das águas.
Nelson Tacada 20/08/2023
Época vivida pelos primeiros aventureiros, bandeirantes soldados da borracha a busca dos tesouros como seringa, castanha, óleo vegetais e ouro. Assim surge a colonização por navegantes vindo de Manaus em embarcações precárias e inadequadas a região com muitas dificuldades e mortes por malária.
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