Da Redação
A Bronca Popular
O discurso do candidato à Prefeitura de Cuiabá, Abilio Brunini, ao adotar o apelido de "louco", levanta questões preocupantes, especialmente no que se refere ao capacitismo.
Embora sua intenção seja se apresentar como um político fora do padrão, alguém que age em prol do povo de forma enérgica e desafiadora, o uso repetido do termo "louco" para se descrever pode ser problemático.
Ao normalizar esse tipo de retórica, Brunini acaba associando comportamentos de liderança, trabalho duro e honestidade a uma condição que, para muitas pessoas, está ligada a desafios reais de saúde mental.
A apropriação de termos ligados a questões psicológicas como forma de exaltação ou de defesa política reforça estereótipos negativos sobre pessoas que enfrentam distúrbios mentais, sugerindo que "louco" seria alguém que age fora da norma, sem pensar nas implicações desse termo para quem de fato lida com questões de saúde mental.
O discurso pode ser visto como uma forma de trivializar as dificuldades dessas pessoas, reforçando a ideia de que o "louco" é alguém que foge das regras estabelecidas, sem considerar a carga negativa e o estigma social que esse termo carrega.
Além disso, ao fazer esse tipo de comparação, Brunini parece reforçar a lógica de que quem age com integridade e determinação é rotulado de maneira pejorativa, o que poderia ser dito de outra forma, sem recorrer a termos que marginalizam ainda mais pessoas com transtornos mentais.
Ao usar a palavra "louco" de forma reiterada em um contexto eleitoral, ele pode estar contribuindo para a perpetuação do capacitismo, algo que devemos evitar em discursos públicos.
Lutar contra a corrupção e buscar melhorias para a população não requer o uso de termos que ferem ou excluem grupos vulneráveis. Brunini poderia reformular seu discurso para transmitir sua mensagem de autenticidade e compromisso sem recorrer a expressões capacitistas.