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CIDADES Sábado, 25 de Maio de 2019, 10:16 - A | A

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GOLPE CONTRA A DECISÃO DAS URNAS

AMM, deputados federais e UCMM pactuam conchavo por prorrogação de mandatos de prefeitos e vereadores

Arranjo político une os desafetos Emanuel Pinheiro e Valtenir Pereira sob as bênçãos de Neurilan Fraga e o testemunho de Gueller e Emanuelzinho

EDÉSIO ADORNO
Da Editoria de Política

Os eleitores, eternos vigilantes da soberania das urnas, precisam esbugalhar os olhos e acompanhar com redobrada atenção o comportamento dos deputados federais que já assumiram a defesa da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 56/2019), que propõe a unificação das eleições e o alongamento, na xepa ou no 0800, dos mandatos dos atuais prefeitos e vereadores por mais dois anos.      

A tese de eliminação de despesas com a realização de eleições a cada dois anos é tão falsa como nota de três reais. Ainda está por nascer vereador que se preocupe com redução de gastos de dinheiro público. Também está por nascer ou nasceu desmiolado o deputado federal que tenha remorso em torrar o dinheiro do contribuinte.      

Os deputados Valtenir Pereira (MDB), Emanuel Pinheiro Neto (PTB) e Neri Gueller (PP), casuisticamente, já se anteciparam em assumir a paternidade dos futuros prefeitos e vereadores biônicos. Os monstrengos jurídicos estão sendo gestados no útero da Associação Mato-Grossense dos Municípios (AMM), União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT) e Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que são verdadeiros cemitérios de dinheiro público.

A tese de eliminação de despesas com a realização de eleições a cada dois anos é tão falsa como nota de três reais. Ainda está por nascer vereador que se preocupe com redução de gastos de dinheiro público

     

Valtenir é um velho conhecido de prefeitos e vereadores. A especialidade dele na Câmara dos Deputados, desde que lá chegou pela primeira vez, em janeiro de 2007, sempre foi a de intermediar liberação de emendas no orçamento do governo federal. Nesse aspectos e em outros, nunca demonstrou interesse na economia do dinheiro público.      

Já o deputado Neri Gueller falar em corte de gastos chega a ser um assombro. O cara foi delatado pelo ex-governador Silval Barbosa por embolsar R$ 1 milhão de reais de propina do empresários Osvaldo Martinelli para quitar uma dívida de agiotagem que tinha com a santíssima e impoluta figura de Carlos Favaro.  O parlamentar também teria recebido propina da JBS e aprontado outros périplos que evidenciam gosto e gula insaciável por dinheiro fácil.    

Emanuel Pinheiro Neto, o Emanuelzinho, no afã de esticar o mandato do próprio pai Emanuel Pinheiro, na prefeitura de Cuiabá, se diz municipalista desde criancinha. Deve ter aprendido a mentir com tio Marcio Benedito Pinheiro ou simplesmente Pinheirinho, aquele que nunca diz a verdade.    

Como salta evidente, os interesses que se escondem por trás da proposta legislativa que garante a permanência por mais dois anos para prefeitos e vereadores em seus respectivos mandatos são outros. O discurso de víeis econômico apenas camufla algo bem mais asqueroso e nada republicano.      

Se prefeitos e vereadores ganharem dois anos de sombra e água fresca, sem se submeterem ao crivo das urnas, o presidente da AMM também será contemplado, por força do princípio da isonomia. Nesse jogo de cartas marcadas, apenas o eleitor perde e paga a conta.      

A PEC 56/19, na verdade cuida de um arranjo da velha política para manter no poder por mais algum tempo caricatas figuras em fim de carreira. Uma afronta ao eleitor.

A PEC 56/19, na verdade cuida de um arranjo da velha política para manter no poder por mais algum tempo caricatas figuras em fim de carreira

     

Nas eleições de 2016, prefeitos e vereadores firmaram um pacto com validade para quatro anos com o eleitor. Fazer um aditivo nesse contrato social sem a anuência do povo configura grave ofensa a democracia representativa. A soberania popular não pode ser mitigada ou esbulhada por acordos e conchavos avençados nos gabinetes escuros de prefeitos, vereadores e congressistas federais.      

Apenas para ilustrar o caráter esdruxulo da proposta ombreada com fervor pelo deputado Valtenir Pereira. Há tresontonte, o parlamentar camaleônico se engalfinhava, via imprensa e redes sociais, com o prefeito Emanuel Pinheiro. As trocas de ofensas e de cabeludas acusações reciprocas aqueciam as páginas políticas e pareciam caminhar para uma guerra sangrenta na praça do Alencastro.      

Eis que os ânimos se acalmaram, Nenel esqueceu as infâmias sofridas, Pereira perdoou o prefeito pelas tijoladas lançadas em seu telhado de vidro e Emanuelzinho abraçou o ferrenho desafeto de seu próprio mãe. Todos estão juntos, misturados e unidos na defesa de um projeto político familiar.  

A pergunta conclusiva: o que leva Valtenir a defender a prorrogação do mandato de Pinheiro por mais dois anos à frente do palácio Alencastro?

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